sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Solidão da Super Mammy

Ontem assistindo a mais um episódio da Super Nanny no GNT, me chamou a atenção a solidão da mãe dos dias de hoje. É certo que o seriado tem seu contexto cultural, mas depois de ver por quase uma hora essa mãe solteira com três filhos aplicar todos os métodos da Super Nanny nessas crianças, ficou claro como o problema vai muito além do que simplesmente reforçar as regras e colocar de castigo no cantinho.

Em uma situação o menino de uns 4 anos é colocado repetidamente na cama 98 vezes! Haja costas... e paciência. Mas a mãe reinforçada pela Nanny , certa de que essa é a melhor maneira de resolver essa situação, não desiste. A interação dela com as crianças é quase abusiva, quando ela perde a calma, ela grita e segura as crianças de maneira bem agressiva.  Mas tudo dentro de um contexto em que as crianças estão sendo treinadas e educadas para que a vida em família prossiga normalmente.

As duas meninas um pouco mais velhas também têm seus ataques e desafiam a mãe com suas desobediências e caprichos. Mas a Super Nanny esta lá e da o suporte para a mãe ser firme e persistente e colocar uma delas no canto várias vezes até que ela se rende pelo cansaço e obedece. Missão comprida. As crianças estão bem comportadas e a mãe sentindo que fez um bom trabalho.

Detalhe a Super Nanny também acha que a mãe, exausta e sem muita noção de como lidar com toda essa situação sozinha, não esta demonstrando afeto e empatia nas suas falas. Então temos uma boa demonstração de como a mãe deve elogiar os filhos e fazer cara de contente.

Em nenhum momento essa mãe tem ajuda de ninguém, faz tudo sozinha, cria, educa, da afeto, limpa, cozinha, leva na escola, leva para passear, enfim esta só no mundo com essas crianças. A única ajuda mesmo vem da Super Nanny que ensina ela truques para dar conta de tudo de uma forma mais harmoniosa e fazer cara de contente. 

Tania Novinsky 

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu quero a minha mãe!

Por Tania Novinsky Haberkorn
O dia das mães esta chegando e os jornais e TVs fazem a gente lembrar o tempo todo que somos filhas e mães. Para algumas esse dia vai ser muito especial e vai juntar gerações de avós, filhos e netos. Para outros vai ser um dia de lembranças saudosas de uma mãe que partiu. Hope Edelman, no seu livro ainda sem tradução para o português, Motherless Mother: How Mother Loss Shapes the Parents We Become, 2006, retrata bem a realidade da mãe que perdeu a mãe e como isso influencia na sua maneira de ser mãe. Ela própria perdeu sua mãe quando tinha 12 anos e ela conta como se tornar mãe trás muitas questões da perda da própria mãe.
Hope conta que foi na segunda gravidez, quando ela ficou de repouso, que ela sentiu mesmo a falta da sua mãe. Desde que perdeu sua mãe ela aprendeu a se virar sozinha, mas pela primeira vez não podia. Não conseguia cuidar da casa, da filha de 4 anos, da gravidez e dela mesmo sozinha. Ela começou a pensar nesse tema e como as outras amigas que também tinham perdido as mães estavam fazendo e descobriu que elas também estavam tendo pensamentos e sentimentos parecidos.
Ela tinha essa fantasia de que se a mãe dela estivesse viva ela estaria lá ajudando como pudesse e como seria bom se a filha dela tivesse uma avó, porque não foi até ela ser mãe que ela também sentiu falta da avó para sua filha.
Hoje com o isolamento das famílias, as mães têm mesmo menos suporte da comunidade e a primeira pessoa que as mães pensam em chamar na hora do aperto é a própria mãe. Uma estatística que chamou muito a sua atenção é como as mães sem mães aprenderam a contar com elas mesmas. As mães que tem mães para chamar, nem sempre chamam a mães, elas chamam a irmã, a tia, a amiga, mas elas tem esse repertório de contar com alguém, enquanto a mãe que perdeu a mãe antes de ser mãe esta acostumada a dar conta de tudo sozinha.
As estatísticas também mostraram que as mães sem mães têm muito dos mesmos medos e preocupações das outras mães. Mas alguns pontos são mais intensificados: elas são mais sensíveis a separações e perdas. Querem muito ser boas mães, mas tem medo de não saber como. Elas contam também como não tem acesso as informações sobre a própria mãe, sobre o suporte emocional da mãe e informações sobre a sua própria infância.
Ela também salienta como a transição para a maternidade, o nascimento do primeiro filho, foi a experiência mais marcante para elas. Foi uma emoção duplamente profunda porque elas estavam se tornando a pessoa que elas perderam. Pela primeira vez na vida elas podiam ver o mundo através dos olhos da própria mãe. Mesmo no hospital, elas olhavam para o bebe e sentiam esse amor e pensaram: minha mãe sentiu isso por mim uma vez. Elas se identificaram com a própria mãe de uma maneira que nunca se identificaram antes. E uma vez que elas se colocaram no lugar da mãe delas, elas puderem entender o quanto elas (avós) perderam morrendo tão cedo.
Edelman aconselha as mães que perderam as próprias mães ou que não podem contar com essa relação no dia a dia da maternidade que procurem ajuda; como grupos de mães e suporte de outras mães. Mães sem mães estão predispostas a se sentirem sozinhas no mundo, e acabam se sentindo sozinhas na maternidade também.Para ler a entrevista na integra em inglês: http://www.literarymama.com/profiles/archives/001288.html