quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu quero a minha mãe!

Por Tania Novinsky Haberkorn
O dia das mães esta chegando e os jornais e TVs fazem a gente lembrar o tempo todo que somos filhas e mães. Para algumas esse dia vai ser muito especial e vai juntar gerações de avós, filhos e netos. Para outros vai ser um dia de lembranças saudosas de uma mãe que partiu. Hope Edelman, no seu livro ainda sem tradução para o português, Motherless Mother: How Mother Loss Shapes the Parents We Become, 2006, retrata bem a realidade da mãe que perdeu a mãe e como isso influencia na sua maneira de ser mãe. Ela própria perdeu sua mãe quando tinha 12 anos e ela conta como se tornar mãe trás muitas questões da perda da própria mãe.
Hope conta que foi na segunda gravidez, quando ela ficou de repouso, que ela sentiu mesmo a falta da sua mãe. Desde que perdeu sua mãe ela aprendeu a se virar sozinha, mas pela primeira vez não podia. Não conseguia cuidar da casa, da filha de 4 anos, da gravidez e dela mesmo sozinha. Ela começou a pensar nesse tema e como as outras amigas que também tinham perdido as mães estavam fazendo e descobriu que elas também estavam tendo pensamentos e sentimentos parecidos.
Ela tinha essa fantasia de que se a mãe dela estivesse viva ela estaria lá ajudando como pudesse e como seria bom se a filha dela tivesse uma avó, porque não foi até ela ser mãe que ela também sentiu falta da avó para sua filha.
Hoje com o isolamento das famílias, as mães têm mesmo menos suporte da comunidade e a primeira pessoa que as mães pensam em chamar na hora do aperto é a própria mãe. Uma estatística que chamou muito a sua atenção é como as mães sem mães aprenderam a contar com elas mesmas. As mães que tem mães para chamar, nem sempre chamam a mães, elas chamam a irmã, a tia, a amiga, mas elas tem esse repertório de contar com alguém, enquanto a mãe que perdeu a mãe antes de ser mãe esta acostumada a dar conta de tudo sozinha.
As estatísticas também mostraram que as mães sem mães têm muito dos mesmos medos e preocupações das outras mães. Mas alguns pontos são mais intensificados: elas são mais sensíveis a separações e perdas. Querem muito ser boas mães, mas tem medo de não saber como. Elas contam também como não tem acesso as informações sobre a própria mãe, sobre o suporte emocional da mãe e informações sobre a sua própria infância.
Ela também salienta como a transição para a maternidade, o nascimento do primeiro filho, foi a experiência mais marcante para elas. Foi uma emoção duplamente profunda porque elas estavam se tornando a pessoa que elas perderam. Pela primeira vez na vida elas podiam ver o mundo através dos olhos da própria mãe. Mesmo no hospital, elas olhavam para o bebe e sentiam esse amor e pensaram: minha mãe sentiu isso por mim uma vez. Elas se identificaram com a própria mãe de uma maneira que nunca se identificaram antes. E uma vez que elas se colocaram no lugar da mãe delas, elas puderem entender o quanto elas (avós) perderam morrendo tão cedo.
Edelman aconselha as mães que perderam as próprias mães ou que não podem contar com essa relação no dia a dia da maternidade que procurem ajuda; como grupos de mães e suporte de outras mães. Mães sem mães estão predispostas a se sentirem sozinhas no mundo, e acabam se sentindo sozinhas na maternidade também.Para ler a entrevista na integra em inglês: http://www.literarymama.com/profiles/archives/001288.html

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